Provavelmente a façanha tecnológica de mais forte lembrança na historia sejam as primeiras viagens de seres humanos à Lua. O Século XX foi um século revolucionário. Nunca num período tão curto aconteceram tantas mudanças que alteraram o destino da Humanidade. Alguns opinam que nos últimos 100 anos houve mais avanços que nos 1000 anos anteriores.
Foi no Século XX que aprendemos a voar. Em 1927 Lindberg voou de Nova York a Paris sem paradas. Em 1947 Chuck Yeager quebrou a barreira do som com o X-1 e para a década de sessenta milhões de pessoas voavam de um continente a outro em grandes aviões de passageiros impulsados a jato.
No Século XX se desenvolveu a eletrônica, que mudou o nosso dia a dia. Em 1901 Marconi inventou o rádio. Depois vieram a televisão, os transistores os computadores eletrônicos, os microchips, e as transmissões via satélite.
Foi também nesse século que a engenharia atingiu un nível em que deixou definitivemente de ser um ofício de artesãos e se converteu em parte central da sociedade moderna. O uso do método científico, de matemática avançada e de novas e revolucionárias técnicas de administração possibilitaram construir obras sem precedentes. Assim nasceram maravilhas como o Canal de Panamá, sistemas de rodovias, pontes kilomêtricas, os arranhacéus e até cidades inteiras, como Brasília, com investimentos bilionários, milhares de operários e anos de esforço.
Mas tudo este avanço tecnológico, por causa de uma característica dos seres humanos, também foi utilizado para destruir. Começamos com a baioneta até chegar na bomba atômica. Em 100 anos, morreram mais pessoas em guerras do que nos 1000 anos anteriores.
Para metade do século, duas grandes superpotências, como nenhuma vista antes na história, dividiam o Mundo: Os Estados Unidos e a União Soviética. Separadas em culturas diferentes, sistemas econômicos e de governos opostos, e em continentes diferentes, estavam na chamada Guerra Fria. Para 1957 a situação era tão tensa que ambas se ameaçavam mutuamente com milhares de bombas atômicas. E naquele ano, os soviéticos mostravam ao mundo sua mais nova arma: o míssil balístico intercontinental. E o faziam de maneira espectacular: colocando em órbita, em 4 de outubro, o primeiro satélite articial do mundo, o Sputnik 1. Este artefato de metal do tamanho de uma bola de basquete e 86 kg de peso dava uma volta ao redor do mundo em 1 hora e meia, passando por cima das principais nações da Terra, inclusive os Estados Unidos. Um mês depois a imaginação das pessoas subia ainda mais com o lançamento do Sputnik 2, que levava um ser vivo ao espaço: a cadela Laika. Muitos ja começavam a falar sobre o dia do próprio ser humano se aventurar no espaço não estava longe. Mas para os americanos, o que estava claro era que se os soviéticos o quisessem, eles poderiam utilizar esse mesmo míssil para lançar armas atômicas até o coração dos Estados Unidos, e não haveria maneira de impedir isso. Por isso começaram uma frenética corrida de alcançar e superar os soviéticos na área de mísseis militares e na própria utilização do espaço para "os fins nacionais".
Em 1958 o presidente Einsenhower cria a Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço, a NASA. Uma de suas obrigações é a de cuidar dos intereses americanos no espaço e desenvolver a tecnologia e os programas para conseguir isto. Como primeira medida, foi anunciado o projeto mais ambicioso do momento: um homem no espaço, conhecido como projeto Mercury.
Mas em 12 de abril de 1961, mais uma vez os soviéticos surpreendem o mundo. Yuri Gagarin da uma volta à Terra em 108 minutos, na cápsula Vostok 1. Para os americanos a situação era crítica. O fato era sem dúvida histórico, um grande triunfo do ser humano, mas também demostrava que os mísseis soviéticos eram mais poderosos e confiáveis que os mísseis americanos. E ainda mais: a União Soviética sempre foi considerada um pais de camponeses, atrasado, com um sistema político e econômico que não poderia dar certo. O premier Nikita Khruschev fez propaganda intensa acima de três pontos: primeiro que agora a ciência e a tecnologia soviéticas eram as mais avançadas do mundo. Segundo, que o comunismo produzia melhores resultados que o capiltalismo e a democracia. E terceiro, em vista disto todos os países do mundo, especialmente os do Terceiro Mundo, eram convidados a seguir o caminho do comunismo sob a liderança político-econômico-militar da União Soviética.
Para 1961 os Estados Unidos tinham uma outra administração.
John F. Kennedy, para muitos historiadores um dos melhores presidentes na
história desse pais, percebeu imediatamente qual era a situação.
Não era apenas uma questão de imagem e propaganda, mas muito
mais. Ele falou de uma nova fronteira que estava se abrindo ao ser humano,
um novo oceano: o espaço exterior. Advertiu acerca do perigo do domínio
soviético desse novo oceano, de que seja utilizado com fins militares
para ataques ao território americano para os quais não haveria
defesa; do perigo de os Estados Unidos perderem a liderança para a
União Soviética, naquela turbulenta década de 60, caracterizada
pela expansão do comunismo no Terceiro Mundo; e da necessidade de
manter a competência científica e tecnológica dos Estados
Unidos. Ele disse que em qualquer lugar que os seres humanos devam ir, homens
livres tambén devem estar lá. Por isso, propós um compromiso
extremamente audacioso: "pousar um homem na Lua e trazé-lo de volta
para a Terra com segurança". Propós ainda fazé-lo antes
do final da década, numa época em que apenas um americano tinha
ido ao espaço, por escassos 15 minutos. Recebeu um apoio quase unánime,
e assim surgiu o maior projeto de engenharia da história: o projeto
Apollo.
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Presidente John F. Kenedy durante o discurso do empenho |
americano de colocar um homem na superfície lunar |
A mais obvia, uma viajem direta, onde um gigantesco foguete levaria uma grande nave, que desceria usando motores para lutar contra a gravidade da Lua, freando até um pouso suave, e cuja parte superior seria lançada de novo para fazer o caminho inverso, escapando da Lua e voltando para a Terra. O grande problema seria todo aquele combustível que seria usado para a descida e depois a partida da superficie lunar. Como se sabe, num foguete até 95% da massa é combustível, e fazendo as contas para uma nave de três astronautas (equipe ideal para uma perigosa viajem de uma semana que exige alerta constante) a massa total da nave seria de assustadoras 100 ton. O foguete lançador que seria necessário estava além da capacidade da época, ou pelo menos não seria possível fazé-lo funcionar antes do final da década.
O segundo método era aparentemente mais fácil e razoável. A nave de 100 ton seria montada e abastecida em órbita ao redor da Terra, que é 2/3 do caminho andado até a Lua, não em termos de distância mas em termos de esforço. Posteriormente esta recebiria o impulso de 1/3 que falta para chegar na Lua. Dois grandes foguetes seriam utilizados, porém menores que o gigantesco foguete (batizado de "Nova") do método anterior. O problema era que o segundo dos dois foguetes devia decolar apenas horas depois do primeiro, encontrar-se com este, acoplar-se e reabastecé-lo. Tudo isto era tecnicamente muito complicado, e se pensava que as dificultades não poderiam serem resolvidas antes do final da década.
O terceiro método, chamado de encontro em órbita
lunar, era mais audacioso ainda. Implicava descer e sair da Lua usando "degraus".
Descer uma nave até uma órbita ao redor da Lua e depois sair
dela era apenas um terço do esforço. Os outros dois terços
poderiam serem realizados por outra nave, pequena, um "módulo lunar",
projetado apenas para levar os astronautas até o solo por algumas horas.
Ela não conseguiria voltar até a Terra, apenas subir um "degrau"
até uma órbita ao redor da Lua, onde a nave-mãe, ou
"módulo de comando", estaria esperando. As duas naves somadas pesariam
apenas metade da grande nave dos outros métodos. O problema porém,
continuava a ser o encontro e acoplamento de duas naves em órbita
no qual, para acontecer, as órbitas devem ser exatamente iguais, precisando
de cálculos dificilíssimos em tempo real, porque as naves estão
em movimento e a grande velocidade. Mas não era preciso nenhum reabastecimento
de combustíveis. Em 1962 esse último método foi o escolhido.
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O Módulo de Comando e o Módulo Lunar |
Antes dos seres humanos pousarem na Lua, era preciso saber se era possível fazer isto em primeiro lugar. A Lua é um mundo extranho, diferente da Terra, e se existiam as mínimas condições de pousar uma nave tripulada de várias toneladas, tudo era um mistério. Para esclarecer isto, a NASA, junto com o Laboratório de Propulsão a Jato do Instituto de Tecnologia da California, enviou várias sondas robô entre 1965 e 1968 a superfície lunar. A primeira série foram as Ranger, que depois de vários fracassos, conseguiram atingir a Lua filmando a queda com várias câmeras. Estas imagens mostraram detalhes nunca antes vistos pelos seres humanos, pois nem com os melhores telescópios era possível distiguir crateras ou montanhas de menos de 750 m. O seguinte passo foi pousar pequenas naves suavemente, para testar as técnicas e fazer uma avaliação da consistência do terreno, suas propiedades térmicas e químicas; isto foi feito pelas Surveyor. Finalmente, o terceiro passo era fazer mapas detalhados da superfície lunar, procurando os melhores locais para pousos tripulados; a missão foi encomendada as naves Lunar Orbiter. Todas elas mostraram que o pouso das Apollos era possível, se bem que não seria brincadeira de crianças.
Para desenvolver e testar a tecnologia e os métodos que seriam usados pelas Apollo, especialmente o encontro em órbita, a habilidade dos astronautas de trabalhar fora das naves e a resistência em viagens de até duas semanas no espaço, foi montado um projeto intermediário: o projeto Gemini. Lançados em duplas em naves derivadas das Mercury, em 10 missões tripuladas os astronautas quebraram uma série de recordes e pela primeira vez os Estados Unidos pasaram na frente da União Soviética. Agora sim chegava a hora das Apollo.
Para 1967 estavam terminadas e prontas para os testes de vôo duas das máquinas voadoras mais complicadas que se têm construído. Projetado pelo Centro Espacial Johnson e construído pela North American Aviation- Rockwell, o Módulo de Comando e Serviço da Apollo foram definidos pelo astronauta Buzz Aldrin como "um submarino nuclear enfiado dentro de um Fusca". A nave de 28 toneladas na verdade se dividia em duas partes: a primeira, a cápsula, um cone com espaço para os 3 astronautas e os computadores digitais e outros sistemas, estava equipada com um pesado escudo témico e grandes paraquedas, pois seria o módulo de reentrada à Terra; a segunda,. acoplada à base da cápsula, um grande cilindro, o Módulo de Serviço, levava os tanques com o combustível e o grande motor para descer até orbita lunar e sair dela na hora de voltar para a Terra, além de geradores de eletricidade e sistemas de comunicação. A outra nave, o Módulo Lunar, também projetado pelo Centro Espacial Johnson, construída pela Grumman, era uma extranha nave em forma de aranha, de 14 ton, também com duas partes: o estágio de descida, com as pernas, um motor de empuxo regulável e toneladas de combustível para frear a descida até a superfície lunar; e o estágio superior, com computadores, sistemas de manutenção de vida para os dois astronautas e um motor para devolvé-los à orbita lunar (o único motor sem outro de reserva na missão toda).
Enquanto essas naves eram construídas na California e em Long Island, respectivamente, em Louisiana eram testados os três estágios do Saturn V. O primeiro, chamado de S-I, foi construído pela Boeing e tinha 45 m de altura por 10 m de diâmetro. Os cinco motores F-1 construídos pela Rocketdyne em California queimavam 15 ton de querosene e oxigênio líquido por segundo. O segundo estágio, S-II, tinha 18 m de altura, foi construído pela North American Aviation-Rockwell e os cinco motores Rocketdyne J-2 queimavam hidrogênio e oxigênio líquidos criogênicos. O terceiro e menor estágio, S-IVB, foi construído pela McDonnell-Douglas em California e seu único motor J-2 queimava também hidrogênio e oxigênio líquidos criogênicos, a mistura combustível mais poderosa conhecida. Acima do S-IVB de seis metros de diâmetro, e separadas por um anel que continha os 24 computadores IBM para controlar o gigante, se colocariam o Módulo Lunar e acima o Módulo de Comando e Serviço. Com os astronautas no topo, seriam lançados a 11,2 m/s em direção à Lua. Logo depois do lançamento as duas naves se acoplariam e continuariam a viagem como uma só.
As missões seriam controladas de um novo centro
construído pelo preço de meio bilhão de dólares
em Houston, Texas. Nesse centro, inaugurado em 1966 e chamado depois de Centro
Espacial Johnson, além de tomar conta do projeto das naves, também
seriam treinados os astronautas e seriam analizadas, sob estrita quarentena,
as amostras lunares por eles trazidas. Contava com sistemas de comunicação
via antenas parabólicas ao redor do mundo e sofisticados computadores
para guiar as naves. Na Flórida, no entanto, era construída
a base de lançamento, um porto para começar a viagem. No novo
Centro Espacial Kennedy estaria o maior prédio do mundo em volume,
50 andares de altura com uma área de base de 4 quarteirões,
onde os estágios do Saturn V vindos de navio seriam montados um acima
do outro, interconectados elétrica, hidráulica e pneumáticamente
entre eles e com as naves Apollo. Agora o veículo completo seria testado
intensamente. Três rampas de lançamento foram construídas
na beira da praia, a 5 km de distância do prédio de montagem
e das salas de controle. Para levar os Saturn V / Apollo montados até
lá, gigantescos veículos com lagartas foram especialmente desenvolvidos.
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Lagarta de Transporte do Saturno V a rampa de lançamento |
Para essa época o programa espacial soviético também estava em sérias dificuldades. A decisão (secreta) de ir para a Lua se tomou tarde, em 1965. Os primeiros testes da nave lunar, a Soyuz foram feitos as presas, e os resultados foram tão desastrados que acabaram em tragédia: na Soyuz 1, o veterano Vladimir Komarov se matou quando até os paraquedas falharam. O método de pouso dos soviéticos era similar ao americano, com um encontro em orbita lunar entre um módulo lunar e a Soyuz. O veículo de lançamento, o N1 era um pouco menor que o Saturn V: as naves eram menores e menos sofisticadas que as Apollo (aliás, eram só dois cosmonautas: apenas um deles deveria pisar na Lua). O N1 foi testado 4 vezes. Explodiu nas 4 vezes. Em 1976, no meio de intensas brigas internas e mais fracasos, o programa foi abandonado, tão secretamente como começou.
Em 1968 as Apollos finalmente levantavam vôo. Walt
Cunningam, Wally Schirra e Don Eisele testaram durante 11 dias os sistemas
do Módulo de Comando e Serviço. Para ter mais sorte a missão
foi chamada Apollo 7. Depois, para o Natal de 68, com o prazo de Kennedy
estourando (e a CIA ouvindo rumores acerca do N1) veio uma jogada ousada:
teste tripulado do Saturn V, direto para a Lua. Frank Borman, Jim Lovell
e Bill Anders se converteram nos primeiros seres humanos em ver ao vivo a
face oculta da Lua e a Terra como nunca antes, "uma grande bola de gude azul".
Depois de vinte alucinates órbitas a 100 km de altura começavam
o regreso à Terra. Três dias depois, a cápsula se chocava
a 40 000 km/h contra a atmosfera, com eles dentro. Como calculado, o escudo
térmico os protegeu. Em Apollo 9, em março de 1969, James McDivitt
e Russell Schweichart testaram pela primeira vez o módulo lunar (batizado
de "Spider") enquanto David Scott permanecia no Módulo de Comando
e Serviço "Gumdrop". Dois meses depois o Saturn V, funcionando em
toda a sua capacidade, lançou a Apollo 10 para a Lua: era o ensaio
geral. Tom Stafford e Gene Cernan desceram no Módulo Lunar "Snoopy"
até apenas 14 km da superfície lunar, enquanto John Young aguardava
no Módulo de Comando e Serviço "Charlie Brown". Tudo estava
pronto, o caminho estava feito. Os últimos 14 km seriam para a Apollo
11.
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A Terra vista da Lua de dentro do Módulo de Comando. |
Na manhã de 16 de julho de 1969 começou
a viagem mais fantástica na história da Humanidade. Um milhão
de pessoas assistiram a decolagem do gigantesco Saturn V de Cabo Canaveral.
Três dias depois estavam chegando em praias extranhas. Armstrong e
Aldrin entraram no módulo lunar e começaram a descida e Collins
ficou atrás no "Módulo Columbia". Segundo os especialistas,
o pouso no Mar da Tranquilidade era a parte mais perigosa da missão.
Depois de problemas menores com uma antena de comunicação e
alarmes de sobrecarga de computador, já a poucos metros do solo veio
o mais temido. O local escolhido para o pouso na verdade estava cheio de
pedras. Se Armstrong não conseguisse achar em 2 minutos um lugar adequado
para pousar o combustível do estágio de descida se acabaria
e deveriam abortar a missão ou morrer na queda. Com o nível
nos tanques em 30 segundos pousaram suavemente. Armstrong enviou a frase
esperada: "Houston, aquí a Base Tranquilidade… o Eagle pousou". Estava
feito.
Horas depois, na noite de 20 de julho, metade da população mundial assistia ao vivo pela televisão quando Neil Armstrong desceu pela escada, pisou na Lua e falou as palavras imortais: "Este é um pequeno passo para um homem, um gigantesco salto para a humanidade". Depois de recolher rápidamente algumas amostras e passá-las para Aldrin, este desceu também. Juntos exploraram esse mundo de luzes e sombras extranhas, sem som, onde o peso das coisas e os movimentos são diferentes e o céu é por sempre preto. Realizaram experimentos, recolheram amostras, e se maravilharam da paissagem. Duas horas e meia depois já deviam partir.
Quando chegaram à Terra foram colocados imediatamente, ainda no porta-aviões Hornet, num container especial para cumprir a estrita quarentena. Ninguém podia descartar a possibilidade de algúm tipo de contaminação por microorganismos lunares. Três semanas depois sairam, e viram que nada tinha sido sonho. Eram heróis, não só nacionais mas mundiais. Fizeram uma giro por 25 países e em todo lugar as pessoas queriam vé-los, queriam tocá-los. Os três são personagens da história para sempre.
A Apollo 12, em novembro, já poderia ficar mais tempo na Lua do que a pioneira. Pete Conrad e Alan Bean pousaram o módulo lunar "Intrepid" a escasos metros de uma Surveyor, que chegou no Oceanus Procellarum anos antes deles. Recolheram algumas peças expostas a intempérie e uma boa quantidade de amostras lunares, enquanto o companheiro Richard Gordon esperava no "Yankee Clipper".
A Apollo 13, abril de 1970, foi a do azar. Um tanque de oxigênio explodiu no módulo de serviço, deixado-os sem eletricidade. A descida na Lua foi cancelada, e pouco depois era evidente que até a volta a Terra de Jim Lovell, Fred Haise e James L. Swiggert estava comprometida. Ajudados por um exército de engenheiros e cientistas na Terra, utilizaram o módulo lunar "Aquarius"como barco salvavidas e como rebocador do inerte módulo de comando "Odyssey" e seu vital escudo térmico. Depois de pasar 4 terríbeis dias de frio e sede e de um desgaste psicológico tremendo, os paraquedas se abriram brilhantemente no céu do Oceáno Pacífico. Isto lembrou a todos que apesar dos espectaculares triunfos da Apollo cada viagem espacial era coisa difícil, séria e perigosa e não nenhuma rotina.
Quando o programa voltou a estar operacional, um ano depois, Apollo 14 completou a missão da Apollo13 às montanhas de Fra Mauro. Alan Shepard, o primeiro americano no espaço, e Ed Mitchell utilizaram um carrinho de mão para levar instrumentos científicos e explorar áreas maiores. Depois, Stuart Roosa com a nave de comando "Kitty Hawk" recolheu aos tripulantes do módulo "Antares" para a trazé-los para casa.
Na Apollo 15, em julho e agosto de 1971, o conceito do carrinho de mão se converteu num carro lunar para David Scott e James Irwin. Com ele se afastaram muitos quilômetros do módulo "Falcon" e exploraram a região de Hadley-Apeninos. Acima Alfred Worden utilizava um pacote de sensores a bordo da nave de comando "Endeavour" e até soltava um subsatélite.
Na Apollo 16 com as naves "Orion" e "Casper" John Young, Charles Duke e Ken Mattingly estudaram a região da cratera Descartes em abril de 1972. Young e Duke também utilizaram um carro lunar nas suas explorações. A quantidade de amostras lunares trazidas era cada vez maior.
Finalmente, em dezembro de 1972 meio milhão de
pessoas assistiram a decolagem noturna da última viagem de astronautas
à Lua. Novidade na missão Apollo 17 era que junto com Gene
Cernan e Ronald Evans viajava um cientista, o geólogo Harrison "Jack"
Schmitt. Até alí so tinham viajado pilotos, com diploma de
engenharia ou equivalente. O primeiro cientista na Lua também seria
o último homem a caminhar lá. Mas a 17 também foi uma
das missões mais produtivas. Nos 3 dias que passaram na superfície
lunar em Taurus-Littrow, Cernan e Schmitt recolheram mais de 100 kg de rochas
e solo, alguns bem extranhos, e realizaram boa quantidade de experimentos.
Finalmente depois de que Cernan fechou a escotilha do módulo "Challenger"
para reunir-se com o "América", nenhuma outra pegada humana foi estamapada
na Lua até hoje. Não se tem previsão de quando acontecerá
de novo isto, nem quem será.
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O registro da passagem do Homem na Lua, presente até hoje |
pois não não há chuvas, ar, ventos ou “terremotos” para apagar |
esse registro. Somente a colisão de um meteoróide poderia |
eliminar para sempre a assinatura desse feito da Humanidade |
Apollo confirmou, especialmente com seu tesouro de quase 400 kg de material da Lua, que esta é um mundo muito antigo, tanto quanto a Terra (aliás, com esses dados foi possível calcular a idade de nosso planeta e até do Sistema Solar, de 4,6 a 4,9 bilhões de anos). Talvez, no passado ela foi parte da Terra, arrancada por alguma violenta colisão. A Lua é um mundo que já faz muito tempo e ela é um mundo morto. Ter um registro de mudanças no Sistema Solar através da eras praticamente intacto, o qual serve para calibrar a idade de outros planetas e satélites do Sistema Solar. A maior parte do que sabemos hoje acerca da Lua é devido as Apollo. A Apollo até cumpriu com os objetivos políticos, os militares, os econômicos, os científicos e os tecnológicos idealizados por Kennedy. Mas como disse Neil Armstrong no 30 Aniversário do começo da viagem Apollo 11 "a conquista mais importante da Apollo foi demostrar que a Humanidade não esta para sempre presa a este planeta, e que nossas metas vão mais além do que isso, e que nossas oportunidades não tem limites."
Por: Aldo LoupAldo Loup, paraguaio, é monitor
do CDCC no Setor de Astronomia e está cursando o bacharelado de Engenharia
da Escola de Engenharia de São Carlos (ESSC) – USP/SC. Interessou-se
por trabalhar em divulgar a Astronomia no Observatório pelo seu envolvimento
passado em clubes de astronomia no Paraguai e Venezuela.
NASA History Office.
http://history.nasa.gov/ap11ann
Johnson Space Center.
http://spaceflight.nasa.gov/history/apollo
Kennedy Space Center.
http://www-pao.ksc.nasa.gov/kscpao/history/apollo/apollo.htm
Tom Alexander, Homem à Lua. O projeto Apollo.Cultrix. São Paulo, 1966.
Eugene Morlock Emme, A history of space flight. Holt, Rinehart and Winston. New York, 1965.
Aviation Week & Space Technology, Editora McGraw-Hill, Abril, Maio, Junho de 1961. Dezembro de 1968. Janeiro, Junho, Julho, Agosto de 1969
Políticas de utilização
de imagens da NASA:
http://www.nasa.gov/gallery/photo/guideline.html
o-homem-na-lua-fig-01.jpg 13.90 KB Presidente John F. Kenedy durante o discurso do empenho americano de colocar um homem na superfície lunar. Fonte: NASA History Office |
o-homem-na-lua-fig-02.jpg 20.95 KB O Módulo de Comando e o Módulo Lunar Naves Apollo: Johnson Space Center, NASA. |
o-homem-na-lua-fig-03.jpg 21.39 KB Lagarta de Transporte do Saturno V a rampa de lançamento. Saturn V: Kennedy Space Center, NASA. |
o-homem-na-lua-fig-04.jpg 16.05 KB A Terra vista da Lua de dentro do Módulo de Comando. Terra no horizonte lunar: Apollo 8/ Johnson Space Center, NASA. |
o-homem-na-lua-fig-05.jpg 34.60 KB O Homem na superfície lunar. Aldrin na Lua: Neil Armstrong/ Johnson Space Center, NASA. |
o-homem-na-lua-fig-06.jpg 62.67 KB O registro da passagem do Homem na Lua, presente até hoje pois não não há chuvas, ar, ventos ou “terremotos” para apagar esse registro. Somente a colisão de um meteoróide poderia eliminar para sempre a assinatura desse feito da Humanidade. Pegada: Buzz Aldrin/ Johnson Space Center, NASA. |